As exportações do Pará para a Venezuela, que a partir de 2007 cresceram de US$ 1,5 milhão para US$ 334 milhões -, devem disparar depois dos acordos firmados pela delegação do Pará, liderada pela governadora Ana Júlia Carepa, com o presidente venezuelano Hugo Chávez, e com a assinatura de oito memorandos de cooperação entre as partes. O principal deles é a abertura de uma rota regular de navegação entre a Venezuela e o porto de Vila do Conde, em Barcarena, que deverá estar pronta para funcionar dentro de 30 dias, segundo previsão do próprio presidente Chávez.

A princípio, seis navios da empresa venezuelana Albanave farão a rota, número que pode crescer de acordo com o fluxo de transações comerciais entre o Pará e a Venezuela, país que oferece maior potencialidade de intercâmbio com o Estado devido à proximidade geográfica e à vontade política dos dois governos, segundo avaliação da Câmara de Comércio e Indústria Brasileira Venezuelana.

O Pará tem localização estratégica e a rota permanente de navios cria uma logística importante para o fortalecimento das relações comerciais, avalia o presidente da Câmara, José do Egypto Soares, que integrou a missão. A rota será importante também para que o Pará aumente a importação de produtos da Venezuela, como fertilizantes derivados de petróleo e cimento, reduzindo o desequilíbrio na balança comercial – o Pará exporta muito mais do que importa. Como as relações comerciais eram quase inexistentes, as importações de produtos da Venezuela, nos últimos anos, cresceram cerca de 7.000%.

Para os empresários paraenses que estiveram em Caracas, o principal sintoma da vontade de levar as intenções para o terreno da realidade foi o fato de Hugo Chávez ter mobilizado todos os seus ministros para receber a delegação do Pará, que, além da governadora, era integrada por cinco secretários de Estado, dirigentes de órgãos federais na Amazônia, técnicos do governo e empresários, a maioria do setor agropecuário.

O papel do Governo do Estado é criar ambiente propício para que os negócios prosperem, explicou a governadora Ana Júlia.

O resultado mais imediato dessa intermediação veio pelo setor da pecuária. Nesta terça-feira (17), chegam ao Pará técnicos venezuelanos para visitar criadores de búfalos. A visita vai acertar o carregamento de mais 1.600 animais, até o final do ano. Será o terceiro embarque nos últimos dois anos, totalizando cerca de 4.800 cabeças. Já fechamos negócios para exportar mais 10 mil animais no ano que vem, festeja o presidente da Associação Paraense de Criadores de Búfalos, Roberto Fonseca. A Venezuela é, hoje, a maior compradora de búfalos do Pará. Além disso, acrescenta Fonseca, oferecerem as maiores garantias aos produtores e compradores, que contam com a intermediação do Governo do Estado e da Associação de Criadores.

O presidente da Associação Rural da Pecuária do Pará, Luiz Guilherme Rodrigues, que também participou das rodadas de negócios em Caracas, considerou a missão promissora e acredita que o trânsito da governadora Ana Júlia junto ao governo do presidenre Chávez vai fortalecer as relações comerciais entre empresários velezuelanos e paraenses. Ainda este ano, os produtores vão embarcar para a Venezuela mais 300 touros e 7 mil cabeças no próximo ano. Mas o Governo do Estado e os empresários paraenses apostam mais alto. Com a abertura da rota permanente de navegação com contêineres refrigerados, querem intensificar as exportações de carne desossada, com maior valor agregado.

Estamos no caminho certo, garante a governadora Ana Júlia, que diz estar seguindo uma política apontada pelo presidente Lula ao fortalecer relações entre países em desenvolvimento. O modelo adotado pelo Pará, segundo ela, tem grande receptividade no cenário internacional porque investe em tecnologia e agrega valor aos recursos naturais com respeito ao meio ambiente.

Exportações Pará – Venezuela

2006

US$ 1,5 milhão

2007

US$ 195 milhões

2008

US$ 334 milhões

2009 – até setembro

US$ 241 milhões