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Clippings - 23/09/24

Fragata Tamandaré lançada em SC. Após instalação e comissionamento, embarcação passará por testes e provas de mar

A fragata Tamandaré (F200), primeira da série com quatro unidades em construção para a Marinha do Brasil, foi lançada ao mar, em agosto, em um procedimento que durou cerca de sete horas. A conclusão ocorreu na data prevista pela Marinha e encerrou a etapa iniciada na semana anterior, quando a embarcação foi batizada. De acordo com a força naval, foi realizada a imersão controlada do dique onde o navio estava, permitindo que a F200 flutuasse pela primeira vez. Ao todo, cerca de 40 profissionais atuaram na manobra e na inspeção interna durante essa fase.

A fragata foi transferida para o dique flutuante, nas instalações da thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí (SC). O deslocamento da F200 até o cais contou com o apoio de rebocadores. A embarcação passará pelas etapas de instalação e comissionamento de equipamentos, além dos testes necessários antes de seguir para as provas de mar. A construção da primeira fragata da classe teve início em setembro de 2022. A entrega do navio ao setor operativo da Marinha do Brasil está prevista para dezembro de 2025.

O Programa de Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) é uma parceria da Marinha com a sociedade de propósito específico (SPE) ‘Águas Azuis’, formada pela alemã thyssenkrupp Marine Systems (TKMS) e pelas brasileiras Embraer Defesa e Segurança e Atech, com gerenciamento da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron). A fragata Tamandaré dá nome à sua classe e homenageia o almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil, que atuou em importantes conflitos, como a Guerra da Cisplatina e a Guerra da Tríplice Aliança.

A Marinha avalia que as novas fragatas representam o que há de mais avançado entre os meios de superfície da força naval. Com 107 metros de comprimento, 3.500 toneladas de deslocamento e capacidade para alcançar a velocidade de 25 nós (cerca de 47 quilômetros por hora), a embarcação contará com uma tripulação de 112 militares. Os navios do PFCT serão dotados de convoo, hangar para helicóptero, radares, sensores e armamentos de última geração.

As quatro fragatas serão entregues à Marinha de forma gradativa, entre 2025 e 2029. A F200 ‘Tamandaré’ deve ser incorporada à Marinha em 2025. As demais embarcações estão previstas para entrega gradual nos próximos quatro anos: a Jerônimo Albuquerque em 2026, a Cunha Moreira em 2027 e a Mariz e Barros em 2028. A segunda unidade (F201), que teve seu processo de produção iniciado há oito meses, passou pela cerimônia de batimento de quilha em junho de 2024.

Na solenidade de batismo, representantes do consórcio, da força naval e do governo federal destacaram os índices de conteúdo local, o fortalecimento da base industrial de defesa (BID) e o intercâmbio tecnológico entre Brasil e Alemanha. A fragata ‘Tamandaré’ (F200), que dá nome à classe, foi batizada por Vera Brennand, esposa do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante a cerimônia. A F200 teve seu primeiro corte de chapa em setembro de 2022, e a expectativa é de que o navio seja incorporado à Marinha do Brasil em 2025.

No evento, o comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, afirmou que o incremento da capacidade operacional da esquadra é importante para a proteção das rotas marítimas, defesa de recursos vitais e estratégicos do país em águas jurisdicionais brasileiras (AJB). Olsen destacou ainda a cooperação bilateral entre Brasil e Alemanha, com o cumprimento do cronograma e absorção de conhecimento pela indústria nacional, visando maior grau de autonomia tecnológica, além do fomento ao desenvolvimento da construção naval, ocasionando geração de 23 mil empregos entre diretos, indiretos e induzidos.

O diretor executivo da thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), Oliver Burkhard, reiterou o compromisso de entrega das quatro fragatas à Marinha entre 2025 e 2029. A segunda unidade (Jerônimo Albuquerque, F-201), que teve seu processo de produção iniciado há nove meses, passou pela cerimônia de batimento de quilha em junho de 2024. A construção da terceira unidade está prevista para ocorrer até o final de 2024.

Burkhard também destacou a estreita cooperação internacional e disse que a parceria com a força naval brasileira é longa e se fortaleceu nos últimos anos por conta do PFCT, contribuindo para uma frota nova e moderna. “Estamos ansiosos para avançar no projeto e celebrar novos marcos”, disse em português, ao final de sua fala. A expectativa é que as taxas de conteúdo local do PFCT fiquem acima de 30% para o primeiro navio e de 40% para os demais.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, acredita que os resultados alcançados no projeto apontam para a possibilidade de ampliação do programa para exportação de fragatas. “Torço muito para que seja uma questão de tempo para podermos contar com a venda de fragatas da classe Tamandaré para as nações amigas, contribuindo para a balança comercial nas exportações de produtos de defesa”, declarou. Nos sete primeiros meses de 2024, as exportações autorizadas de produtos de defesa superaram o total de 2023. Nesse período, foram exportados aproximadamente R$ 8,4 bilhões, segundo melhor resultado desde 2001, quando a série histórica teve início.

Múcio disse que os investimentos em defesa trazem benefícios além dos progressos nas capacidades militares, gerando emprego e renda, transferência de tecnologia, capacitação da mão de obra com alta qualificação e fomento da indústria nacional. Além do PFCT em Itajaí, ele destacou os programas em andamento em Itaguaí-RJ (submarinos), Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (navios patrulha) e no Estaleiro Jurong Aracruz/Seatrium (navio polar), no Espírito Santo.

Em seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou que, durante as inaugurações de construções de projetos do setor naval e offshore em seus dois primeiros mandatos (2003-2010), sempre foi indagado por trabalhadores dos estaleiros se haveria novos projetos para manutenção de empregos nesta atividade. Segundo Lula, esse tipo de projeto foi discutido nas primeiras reuniões do atual governo com os ministérios da Defesa e com o Comando da Marinha. Ele acrescentou que os projetos estratégicos das forças armadas estão na agenda de governo junto a outras pastas como MDIC (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Fazenda.

O presidente da Embraer, Fabio Gomes Neto, considera que o PFCT representam um marco para a base industrial de defesa como um todo, com a geração de mais de 20 mil empregos, além de impactar mais de 1 mil empresas com projeção de conteúdo local da ordem de R$ 5 bilhões e retorno em impostos de mais de R$ 500 milhões. “Cada real investido em programas de defesa geral é multiplicador de quase 10 vezes em valor do PIB, demonstrando que defesa é investimento no futuro do país”, estima Gomes Neto.

Fonte: Revista Portos e Navios