Acordo, primeiro da LEAF na região, é vital para conter as mudanças climáticas devido à enorme quantidade de gases de efeito estufa que as árvores da floresta amazônica absorvem
Por O Globo, com agências internacionais
Fogo consome a floresta amazônica no Pará, principal estado em termos de desmatamento desde 2005
A Amazon e outras cinco empresas concordaram em comprar créditos de compensação de carbono que apoiarão a conservação da floresta amazônica no Pará, em um negócio avaliado em cerca de US$ 180 milhões.
A compra será feita por meio da iniciativa de conservação florestal da Coalizão LEAF, que a gigante do e-commerce ajudou a fundar em 2021 junto com um grupo de empresas e governos, entre os quais Estados Unidos e Reino Unido.
Segundo reportagem da Reuters, este é o primeiro acordo da LEAF na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, que é vital para conter as mudanças climáticas devido à enorme quantidade de gases de efeito estufa que suas árvores absorvem.
O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciará o acordo na noite desta terça-feira, durante a Semana do Clima de Nova York, quando cerca de 900 eventos ocorrerão paralelamente à Assembleia Geral da ONU.
Durante sua participação na Casa Amazônia NY, que leva as vozes da região para discussões na Semana do Clima de NY, o governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou que serão comercializadas 12 milhões de toneladas a US$ 15 por tonelada, o equivalente a R$ 1 bilhão em uma única venda.
Segundo o governador, a venda de 12 milhões de toneladas de carbono será feita de forma a atrelar os recursos a uma estratégia de distribuição, com parte deles destinadas à sociedade, o que inclui povos indígenas, quilombolas e extrativistas e integrantes da agricultura familiar. A parte que caberá ao Pará será obrigatoriamente vinculada à continuidade da política de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Ainda no evento, Barbalho anunciou ainda que, até 2026, o Pará terá 100% de rastreabilidade nas cadeias de proteína bovina e bubalina.
Do total comercializado, a Amazon, a fabricante de medicamentos e produtos químicos Bayer, as consultorias BCG e Capgemini, a varejista de roupas H&M e a Fundação Walmart comprarão coletivamente 5 milhões de créditos a US$ 15 por crédito, valor que está muito acima da média da semana passada, de US$ 4,49, para créditos de carbono ligados à natureza, de acordo com o provedor de dados Allied Offsets.
Cada crédito representa uma redução de 1 tonelada métrica de emissões de carbono provenientes da redução do desmatamento no Pará nos anos de 2023 a 2026.
Os outros 7 milhões de créditos serão disponibilizados para outras empresas comprarem, diz a Reuters. Os governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Noruega garantiram uma parte desses créditos e os comprarão se as empresas não o fizerem.
O Pará sediará a cúpula climática COP30 da ONU em 2025, em uma ação que é o ponto central da tentativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de restaurar as credenciais ambientais do Brasil após anos de desmatamento crescente.
Embora a destruição esteja diminuindo desde 2021, o Pará tem sido o principal estado em termos de desmatamento desde 2005. De janeiro a agosto deste ano, uma área maior do que a cidade de Nova York foi desmatada no estado, uma queda de 20% em relação ao ano anterior, de acordo com dados preliminares do governo federal.
Fonte: Jornal O Globo