Etapa inicial, concluída recentemente, destinou R$ 180 milhões nos últimos três anos para modernização de equipamentos. Log-In prevê outros R$ 500 milhões para elevar padrão tecnológico do terminal nos próximos 25 anos
O Terminal Portuário de Vila Velha (TVV) ampliou entre 25% e 30% sua capacidade operacional desde a volta do 3º portêiner que estava em manutenção. Há cerca de um mês, ocorreu a entrega do projeto de modernização do terminal, operado pela Log-In, que durou três anos e faz parte da primeira fase das contrapartidas de investimentos e melhorias assumidas pela renovação da concessão por 25 anos, até 2048. O grupo considera o desempenho relevante para colocar o TVV num novo patamar, sobretudo no segmento de contêineres, operação mais regular do terminal.
A primeira fase ficou concentrada em investimentos imediatos, incluindo o projeto de modernização dos portêineres, aquisição de máquinas e troca de equipamentos. “Foi a fase mais aguda e desafiadora vivida nos três primeiros trimestres de 2024. Já percebemos, dentro do esperado desse projeto, o ganho de produtividade”, disse o diretor de terminais da Log-In, Gustavo Paixão, na última sexta-feira (8), durante teleconferência sobre os resultados do grupo no 3º trimestre.
Paixão acrescentou que, para a segunda etapa de investimentos, haverá outros projetos de modernização previstos para deixar o TVV acompanhar o que existe de melhor no setor portuário brasileiro e mundial. “Temos para os próximos 25 anos outros R$ 500 milhões de investimentos comprometidos com viés para manter o patamar tecnológico, de inovação, seguindo a tendência dos terminais mais modernos do mundo”, projetou.
A primeira fase de investimentos demandou R$ 180 milhões e teve como principais entregas a renovação e modernização do parque de equipamentos, com a aquisição de novos equipamentos de costado. Segundo Paixão, os dois guindastes MHC, com capacidade de 154 toneladas cada, mudaram de imediato a capacidade de atendimento do TVV, possibilitando movimentação de cargas e projetos especiais, trazendo mais protagonismo do terminal no cenário logístico nacional.
O diretor de terminais contou que a modernização dos três portêineres foi a última e mais complexa das fases do projeto, pois afetou diretamente a capacidade de atendimento do terminal nos nove primeiros meses deste ano. Ele explicou que haverá uma ‘etapa adicional’ para operações remotas dos portêineres, que agora ocorre paralelamente sem afetar as operações e que será pioneira no Brasil, equiparando o TVV ao mesmo patamar de tecnologia de portos relevantes a nível global. “Agora finalizado, traz capacidade de volta com incremento de performance. As melhorias em tecnologia e automação se refletem na segurança das operações, eficiência operacional e confiabilidade”, destacou.
Os volumes de movimentação de contêineres, principal carga do terminal, foram destaque no 3º trimestre e nos nove primeiros meses de 2024. De julho a setembro, o TVV movimentou 158 mil contêineres, um crescimento recorde de 6,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, foram movimentados 176,5 mil equipamentos, com alta de 38%. O resultado também refletiu a recuperação das exportações de café, que vêm sendo percebidas desde 2023, e o reposicionamento de contêineres vazios para a China, além de um resquício de importação de veículos elétricos.
Em contrapartida, a carga geral caiu 43,8% (para 130,6 mil TEUs) em relação ao 3º trimestre de 2023. Este segmento também teve queda de 34,5% no acumulado do ano, totalizando 433 mil toneladas. O diretor de terminais atribui esses números principalmente à restrição momentânea consequente do projeto de modernização de portêineres ao longo de praticamente três trimestres. “Isso estava fazendo com que cargas historicamente cativas no terminal, como veículos e granitos migrassem para outros terminais”, analisou. Paixão disse ainda que outros fatores concorrenciais atingiram volumes de granéis sólidos.
A receita operacional líquida (ROL) do TVV somou R$ 91,7 milhões no 3º trimestre e alcançou R$ 278,8 milhões no acumulado de janeiro a setembro, 85% acima dos nove primeiros meses de 2023. O ebitda ajustado cresceu 2% no acumulado do ano (R$ 126,9 milhões), apesar da queda de 10,5% no 3º trimestre (R$ 41,5 milhões). De acordo com a Log-In, o principal fator da redução desse indicador no trimestre foram as despesas operacionais relacionadas ao provisionamento de contingências judiciais decorrentes de processos trabalhistas com decisões desfavoráveis à companhia no período.
Além disso, custos extras com infraestrutura adicional para suportar o período de restrição pelo qual o terminal passou e também a perda de capacidade momentânea de gerar receitas acessórias — principalmente carga geral — também pelo motivo de restrição, contribuíram para o ebitda ajustado abaixo neste trimestre. “Apesar dos desafios vividos nos nove primeiros meses de 2024, dado o cenário logístico complexo no Brasil e nossas restrições momentâneas causadas pela ‘dor’ do nosso crescimento, tivemos destaque na movimentação contêiner, que é nosso principal resultado e nos resultados acumulados de ROL e ebitda ajustado”, celebrou Paixão.
Fonte: Revista Portos e Navios