Fase seguinte inclui obras do pátio e do cais do novo terminal de contêineres, que será 100% eletrificado e terá 400 mil TEUs/ano de capacidade instalada. Equipamentos de movimentação começam a chegar em 2025
A APM Terminals está perto de iniciar as obras de construção de seu novo terminal em Suape (PE), previsto para iniciar a operação em agosto de 2026. A etapa de demolição e reutilização e a destinação ambientalmente correta de 20 mil toneladas de resíduos, materiais e sobras, que durou 222 dias, permitiu a limpeza do terreno, onde será construído o pátio de contêineres. A próxima fase será a escolha das empresas que serão responsáveis pela construção do cais, pátio e prédios. A APM está investindo aproximadamente R$ 1,6 bilhão na primeira fase da unidade em Suape, que será um dos três projetos globais em construção pela subsidiária do grupo Maersk — os outros dois em Rijeka (Croácia) e um no Vietnã.
O diretor-presidente da APM Terminals Suape e Pecém, Daniel Rose, detalhou que esse valor inclui etapas da construção e a compra de equipamentos. Recentemente, foram investidos R$ 241 milhões em 28 equipamentos eletrificados, incluindo dois guindastes STS e sete RTGs com controle remoto. O executivo destacou que será um terminal de contêineres 100% eletrificado. O berço terá 400 metros de comprimento. “Até agora, houve demolição, agora começaremos a fazer o cais, o pátio e os prédios. Estamos finalizando os últimos contratos. Estamos na última etapa antes de começar”, contou Rose em coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (21), em Pernambuco. Nesta sexta-feira (22), haverá uma cerimônia de lançamento da pedra fundamental do projeto, com a presença de autoridades.
A previsão, segundo Rose, é que os guindastes de grande porte cheguem ao Brasil a partir de agosto de 2025. A expectativa da APM é, no no primeiro trimestre de 2026, realizar treinamentos e obter as últimas licenças para que o novo terminal comece a operar em agosto do mesmo ano. Os RTGs são equipados com sistemas que evitam a colisão, incluindo outros equipamentos, veículos e pessoas, e, além disso, impedem que o caminhão externo seja içado, em casos em que os contêineres ainda estejam travados durante o levantamento.
Já as duas reach stackers encomendadas, utilizadas para movimentação de contêineres, serão os primeiros veículos elétricos dessa categoria presentes no Brasil, assim como as duas empilhadeiras de contêineres vazios. A compra também inclui mais uma empilhadeira de 16 toneladas e 14 terminal tractors, todos elétricos. A APM também destaca que uma rede 5G privada garantirá a troca de dados em tempo real e sem interrupções, 24 horas por dia, 7 dias por semana, aumentando a eficiência e a segurança operacional.
O diretor de investimentos da APM Terminals para as Américas, Leonardo Levy, observa grande parte dos portos que operam contêineres no país sofrendo com falta de capacidade e preços altos que geram problemas para exportadores e importadores, numa situação parecida com a vivenciada antes de 2012/2013, quando entraram em operação dois novos terminais — Embraport (atual DPW) e BTP — aumentando a capacidade do complexo portuário.
Levy acrescentou que 2024 apresentou um cenário que não estava previsto pelo mercado, nem pelas modelagens: o crescimento de 20% na carga conteinerizada do longo curso. “Isso mostra a necessidade de se investir antes da demanda existir. Não podemos brincar com isso. Temos que de fato estar prontos para, quando o Brasil precisar de infraestrutura, ela estar lá”, comentou.
O diretor de investimentos disse que a APM Terminals Suape é um investimento estratégico para o Nordeste do Brasil. “Esse investimento em Suape é porque acreditamos que investir vai trazer mais eficiência e ajudar Pernambuco e o Nordeste como um todo a ser mais competitivo lá fora e para que exportadores e importadores tenham mais opções. Quanto mais opções houver e mais concorrência existir, melhor para todo mundo”, afirmou.
Levy lembrou que, após a edição da Lei dos Portos (12.815/2013), houve também um período de maior instabilidade econômica e muitos projetos de infraestrutura não foram adiante. Segundo o executivo, a empresa estudou outros projetos nessa época, inclusive em outras regiões do país. Ele ponderou que a empresa tem mantido os investimentos em Pecém (CE) nos últimos anos. “Continuamos acreditando no potencial do Nordeste, mas houve um hiato, onde os projetos não foram apresentados e não existia intenção de leiloar”, avaliou.
Ele acrescentou que é preciso ver o que acontece ao redor do mundo, já que o capital do grupo é disputado por outros países, o que gera necessidade de escolhas de onde alocar os aportes. Levy também considera importante que os governos sempre estejam atentos e tenham em carteira projetos à disposição dos potenciais investidores. “Vimos oportunidade de investir na área do estaleiro (Atlântico Sul) e estamos contentes de estar aqui. Não houve mudança, sempre acreditamos no potencial do Nordeste. Chegou uma hora que casou a oportunidade que existia com nosso apetite de investir e trazer transformação que esperávamos que ocorra”, finalizou Levy.
O diretor-presidente da APM Terminals Américas, Leo Huisman, também defendeu o investimento antes da demanda. Huisman entende que o desenvolvimento do novo terminal proporcionará aos importadores e exportadores mais opções dentro de dois anos. “Expandiremos as janelas de atracação para nossos clientes, permitindo que eles introduzam novos serviços que conectam Pernambuco a vários portos globais”, projetou.
Fonte: Revista Portos e Navios