
A Transpetro homologou, em janeiro, o resultado da licitação para a compra de quatro navios classe Handy, com capacidade entre 15 mil e 18 mil toneladas de porte bruto (TPB). O consórcio vencedor, formado pelos estaleiros Rio Grande (ERG), da Ecovix, e Mac Laren, em Niterói (RJ), apresentou a proposta final de US$ 69,5 milhões por embarcação, em torno de R$ 410 milhões pela cotação no final de janeiro. A aquisição faz parte do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras (TP 25) e marca a última etapa antes da assinatura do contrato.
Os trabalhos devem começar no primeiro semestre de 2025, com duração prevista de três anos, gerando aproximadamente mil empregos. A homologação é vista como uma oportunidade para a retomada do polo naval no sul do estado, que já foi referência no setor, com destaque para o período de 2013 a 2014, quando o Porto do Rio Grande gerou cerca de 20 mil empregos.
A homologação foi anunciada em continuidade ao comunicado divulgado do dia 23 de dezembro, quando a Transpetro informou sobre a conclusão da negociação com o consórcio formado pelos grupos Ecovix e Mac Laren como o vencedor da licitação para a construção de quatro navios classe Handy. A assinatura do contrato está prevista para este início de 2025, quando a Transpetro também deve lançar um novo edital para aquisição de oito navios gaseiros.
O escopo prevê quatro Handy, navios de transporte de produtos claros de 15 mil a 18 mil TPB, para operação de cabotagem no litoral brasileiro. A construção dos quatro cascos ficará a cargo da Ecovix, no Estaleiro Rio Grande, com o comissionamento das embarcações sendo realizado no Estaleiro Mac Laren. O TP 25 prevê a construção de um total de 25 navios para frota da subsidiária da Petrobras.
A Petrobras destaca que os novos navios vão ampliar a capacidade de atendimento da Transpetro à holding, com aumento do transporte de derivados e permitindo a redução da sua exposição ao afretamento desse tipo de unidade. “Esse programa da Transpetro é essencial para o sistema Petrobras e um grande reforço para a nossa capacidade logística, garantindo o aumento do transporte de derivados na costa brasileira e reduzindo nossa exposição às oscilações dos custos de afretamento, principalmente desse tipo de unidade, que tem baixa liquidez no mercado”, afirma a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
O valor final da negociação é de US$ 69,5 milhões por embarcação, totalizando US$ 278 milhões, aproximadamente R$ 1,65 bilhão pela cotação do final de janeiro. O conteúdo local a ser perseguido é de 50%, requisito que também garante o benefício da depreciação acelerada aprovado recentemente, que representa uma renúncia fiscal decorrente da depreciação acelerada para navios-tanque que operam na cabotagem brasileira, limitada a R$ 1,6 bilhão.
Após a conclusão da negociação do consórcio com a Transpetro, a Ecovix declarou que, com sua estrutura moderna, o Estaleiro Rio Grande precisará de mínimas adaptações para iniciar os trabalhos com a Transpetro. “A Ecovix celebra este marco que consolida a retomada das suas atividades navais, trazendo mais desenvolvimento para a zona Sul do Estado, o Rio Grande do Sul e o Brasil”, ressalta a empresa em nota.
O vice-presidente do grupo Mac Laren, Alexandre Kloh, disse à Portos e Navios que, com a assinatura no começo de 2025, haverá esforço para o lançamento da primeira unidade em menos de dois anos. “Apesar de contratualmente o prazo ser mais longo, vamos tentar lançar o primeiro casco no final de 2026”, comentou. Ele acrescenta que as estruturas dos estaleiros estarão prontas para iniciar as obras este ano e que o mapeamento da mão de obra foi importante para garantir a força de trabalho para o projeto.
Kloh destaca o investimento da Mac Laren na equipe de engenharia, que estará em interação com as equipes do ERG, desde o processo construtivo em Rio Grande, até o acabamento e finalização em Niterói (RJ). Ele conta que o grupo mantém conversas para definição da sociedade classificadora.
Após a abertura das propostas comerciais, em novembro, a concorrência da Transpetro avançou para a fase de avaliação pela comissão de licitação, antes da homologação do resultado final. A classificação preliminar por preço global dos lances das empresas proponentes foi divulgada no começo de novembro, com a participação de 20 interessados e proposta única apresentada no valor de R$ 1,77 bilhão, em torno de R$ 440 milhões por unidade.
A Transpetro destaca que a conclusão dessa fase do processo licitatório acontece seis meses após o lançamento da licitação e passou pelas análises técnicas e de governança do sistema Petrobras. “Estamos muito satisfeitos com a conclusão dessa etapa do processo de contratação, conduzido com total empenho, zelo e lisura. É um marco retomar a aquisição de navios no Brasil após 10 anos sem contratar embarcações para ampliar a frota. Com o TP 25, vamos ampliar em, pelo menos, 25% a capacidade logística da Transpetro e essa é mais uma das medidas que estamos adotando para retomar o caminho do crescimento da companhia”, diz Sérgio Bacci, presidente da Transpetro.
Bacci acrescenta que as futuras licitações previstas no TP 25 vão garantir uma demanda perene, que incentivará a retomada da indústria naval no país. “Essa é uma determinação do governo [federal] e estamos cumprindo de maneira efetiva e atendendo todos os interesses de negócio do sistema Petrobras”, diz Bacci.
De acordo com a Transpetro, os Handy vão contemplar soluções que garantem maior eficiência energética e menor emissão de gases que provocam o efeito estufa. Além de receber um pacote de equipamentos sustentáveis, as embarcações podem operar com bunker ou biocombustíveis. Como resultado, estima-se reduzir em 30% as emissões em relação aos atuais navios da frota, atendendo às determinações da Organização Marítima Mundial (IMO).
A Transpetro espera aumentar em 25% sua capacidade logística com os navios previstos no TP 25. Além dos Handy, a companhia vai adquirir gaseiros e embarcações de médio porte, com 16 desses navios já previstos no plano estratégico da Petrobras. Na segunda licitação do programa, que será pública e internacional, a intenção é adquirir oito navios gaseiros dos tipos pressurizados e semirrefrigerados. Esse último modelo permitirá à Transpetro ampliar os tipos de gases transportados.
Os gaseiros terão capacidade variando de sete mil toneladas a 14 mil toneladas de porte bruto. Em junho de 2025, a companhia prevê a divulgação de outro processo licitatório para a aquisição de quatro embarcações de médio porte (MR1). Atualmente, a Transpetro opera 48 terminais (27 aquaviários e 21 terrestres), cerca de 8,5 mil quilômetros de dutos e 33 navios.
Fonte: Revista Portos e Navios