Marjorie Avelar* PORTOS E LOGÍSTICA 13 Junho 2022 
Divulgação Bamin
Visando ampliar o comércio exterior de minério de ferro por meio da Bahia, grupo investirá na Mina Pedra de Ferro, em Caetité, e nos projetos de logística integrada do Porto Sul, em Ilhéus, e no trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que ligará Caetité a Ilhéus.
Empresa mineradora brasileira que faz parte do grupo Eurasian Resources Group (ERG), um dos principais produtores mineiros da África, a Bamin está construindo um novo corredor logístico de integração e exportação para o estado da Bahia e, consequentemente, para todo o país. De acordo com a companhia, o ‘novo caminho’ envolve um dos maiores projetos de infraestrutura em andamento em território nacional, com investimentos previstos para a Mina Pedra de Ferro, no município baiano de Caetité, e para os projetos de logística integrada do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que ligará as cidades de Caetité a Ilhéus, e do Porto Sul, em Ilhéus. Um estudo da Associação Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) indica que esse trecho tem a possibilidade de transportar 19 milhões de toneladas de cargas regionais.
Em entrevista à Portos e Navios, o CEO da Bamni, Eduardo Ledsham, destacou que a FIOL terá capacidade para movimentar 60 milhões de toneladas por ano. A empresa utilizará somente 40% desse potencial, ou seja, outros 60% de sua capacidade total “estarão disponíveis não apenas para outras mineradoras, mas também para outros negócios como o agronegócio, por exemplo, além de todos os demais setores que precisarem escoar seus produtos e receberem insumos, máquinas e implementos agrícolas”.
A previsão é que as obras sejam concluídas em 2026. “O Porto Sul – um terminal de águas profundas – poderá receber navios com capacidade de até 220 mil toneladas, podendo movimentar até 42 milhões de toneladas anuais”, informou o executivo. “Tanto a Fiol quanto o Porto Sul contribuirão para o crescimento e o desenvolvimento sustentável de toda a região. O estado da Bahia ocupará uma nova e importante dimensão na economia nacional, gerando riquezas, distribuição de renda e elevando a qualidade de vida de sua população”, ressaltou Ledsham.
Diálogo com o agro
Para estender seus projetos, a Bamin está ampliando o diálogo com o setor de agronegócio do oeste baiano, até para tomar conhecimento das reais necessidades dos produtores rurais, em torno da produção e da infraestrutura logística para a movimentação de cargas pela Fiol e Porto Sul.
O primeiro passo foi dado no último dia 2 de junho, com a assinatura de um memorando de entendimento entre a empresa e a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa). O ato foi realizado durante a feira Bahia Farm Show, realizada entre os dias 31 de maio e 4 de junho, no município de Luís Eduardo Magalhães (BA).
O vice-presidente da Aiba, Moisés Almeida Schmidt avaliou a importância dessa parceria para o agronegócio regional e nacional. “É um momento importante para o agro, por conta dos números de produção que já temos na região. Hoje, nossa produção passa de seis milhões de toneladas e um consumo de 1,5 milhão de toneladas em fertilizantes. Por isso, estamos estreitando os laços com a Bamin para esses investimentos futuros”, disse no evento.
Para a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia, a nova solução logística Fiol/Porto Sul dará a competitividade necessária ao agro, com economia de escala e redução de custos. “A Fiol vai aumentar a eficiência do escoamento da produção. Isso significa redução dos custos, ampliação da capacidade de carga e maior agilidade no transporte. Esses fatores beneficiam os produtores rurais e refletem, diretamente, nos investimentos que devem gerar mais emprego e renda para o Oeste da Bahia”, comentou o presidente da Aiba, Odacyl Ranzi, durante a Bahia Farm Show.
Fases do projeto
Os projetos para o novo corredor logístico de integração e exportação para o Estado da Bahia serão divididos em três fases. Uma delas começou em janeiro de 2021, na Mina Pedra de Ferro, no município baiano de Caetité, onde a Bamin produz minério de ferro premium para exportação. Somente no ano passado, a produção girou em torno de 1,07 milhão de toneladas. “Quando a infraestrutura logística com a ferrovia e o Porto Sul estiver pronta, em 2026, a Bamin irá produzir até 26 milhões de toneladas anuais”, informou o CEO da empresa.
De acordo com o executivo, a Fiol foi planejada em três etapas: “A Bamin arrematou, em leilão, o trecho 1 com 537 quilômetros, que vai de Caetité a Ilhéus. Os trechos 2 e 3 continuam sob a administração do governo federal. A Fiol completa terá um total de 1.527 quilômetros, chegando ao Tocantins, onde poderá ser conectada à Ferrovia Norte-Sul. O projeto do Trecho 2 vai de Caetité a Barreiras e o Trecho 3 até o município de Figueirópolis (TO)”.
Ainda segundo Ledsham, “ao assumir a subconcessão do trecho 1 da Fiol, a Bamin retomará e concluirá a obra, que foi iniciada pela Valec Engenharia, empresa pública que atua sob a forma de sociedade por ações e é controlada pela União via Ministério da Infraestrutura”. O contrato da concessão foi assinado em setembro do ano passado, entre a Bamin e o Minfra. “A fase atual (do projeto Fiol/Porto Sul) é de diligência, para que possamos levantar o histórico completo e o status real da obra em andamento. O plano de execução das obras está sendo desenvolvido, para que elas sejam retomadas em 2023, com conclusão prevista para 2026”.
Orçamento
Para finalizar a ferrovia, o investimento da Bamin será de R$ 3,3 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão aplicado em obras civis e R$ 1,7 bilhão em material rodante, como vagões e locomotivas. A subconcessão tem a duração de 35 anos – cinco para a construção e 30 anos para a operação.
Distante 3,5 quilômetros da costa baiana, o Porto Sul é um projeto que envolverá um investimento de R$ 6 milhões, visando transformá-lo em um terminal offshore. O projeto está na fase de construção das obras de acesso, desde 2021. Em setembro do ano passado, foi inaugurada a ponte sobre o Rio Almada, que conecta a Rodovia BA-001 à futura área industrial do porto e é formada por nove vãos com 26 metros de largura e 234 metros de comprimento em pavimento rígido e seguro à circulação de veículos de grande porte. “Após essa fase de obras de acesso, terá início a construção do porto, em 2023, com previsão de entrega para 2026”, reforçou o CEO da Bamin.
Desafios da exportação de minério de ferro
Na visão de Ledsham, os principais gargalos para a exportação de minério de ferro, como commodity brasileira, de fato envolvem uma logística de transporte que vise à economia de escala. “Daí a importância do projeto integrado da Bamin (mina, ferrovia e porto) com a criação de um corredor de exportação para a Bahia e o Brasil, destinado à mineração e ao agronegócio”.
Até que as obras do Porto Sul e da Fiol sejam concluídas, as exportações de minério de ferro da empresa mineradora estão sendo feitas pelo Terminal Enseada, em Maragogipe (BA). “A partir da Mina Pedra de Ferro, em Caetité, o transporte do minério é feito por rodovia até o Terminal Licínio de Almeida, de onde é transportado por trens da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Após transbordo em Castro Alves, o minério segue por caminhões até o Terminal Enseada”, informou o executivo.
Sustentabilidade ambiental
Em 2021, a Bamin produziu 1,07 milhão de toneladas de minério de ferro e realizou 11 exportações para o mercado consumidor da Europa e da Ásia. “Devido à sua alta qualidade, o minério extraído e beneficiado pela nossa empresa – o DSO 65 – permite a redução de emissões de gás carbônico (CO2) no processo de siderurgia, o que eleva a performance e a sustentabilidade da indústria. Por ter elevado grau de pureza, o processo de beneficiamento também não demanda o uso de água e requer baixo consumo de energia. Por esse motivo, ele é muito requisitado, sendo classificado na categoria premium”, destacou Ledsham.
Ainda conforme a Bamin, “o Porto Sul é uma obra realizada com todos os cuidados necessários com o meio ambiente e a sustentabilidade”. “O projeto básico ambiental, aprovado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), órgão ambiental responsável por esse trabalho, contempla 34 programas e subprogramas socioambientais”.
O Porto Sul ocupa 1% da Área de Proteção Ambiental (APA) onde está inserido. O projeto de reflorestamento contempla 313 hectares de Áreas de Proteção Permanente (APPs), priorizando o uso de espécies nativas cultivadas e propagadas em viveiros próprios. De acordo com a mineradora, como compensação/mitigação dos gases de efeito estufa (GEEs), foi criado o Parque Estadual Ponta da Tulha, que ocupa uma área de 1.703 hectares, englobando representativos de todas as fitofisionomias características da Mata Atlântica local.
Mais programas
Entre os programas socioambientais do Porto Sul está o Centro de Tratamento de Animais Silvestres (Cetras), que fica às margens da Rodovia BA-001 e inclui um trabalho especial pelo qual recebe, faz a triagem, identifica e reabilita animais silvestres resgatados no âmbito das obras do terminal portuário.
Na área de capacitação profissional, o Porto Sul mantém o projeto Canteiro Escola, em Ilhéus, que começou em setembro de 2021 e já formou 160 pessoas para atuação em setores da construção civil.
Para garantir o compartilhamento de conhecimento, em dezembro de 2021, foi firmado um acordo de Cooperação Técnico Científica entre a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em Ilhéus, e a Bamin.
De acordo com a mineradora, cerca de mil alunos e professores terão acesso aos projetos socioambientais da empresa e do Porto Sul, nas respectivas unidades e instalações, como berçários de mudas, viveiros de plantas, Centro de Tratamento de Animais Silvestres e vários outros. Ainda serão viabilizadas visitas técnicas dos alunos da Uesc, em aulas práticas que envolvam projetos de graduação, mestrado ou doutorado.
* Com informações da assessoria de comunicação da Bamin
Fonte: Revista Portos e Navios