unitri

Filtrar Por:

< Voltar

Clippings - 11/03/25

Eficiência energética pode reduzir em até 16% consumo de combustível na indústria marítima

Relatório da DNV identifica que, apesar dos avanços, adoção em larga escala de soluções enfrenta desafios como alto custo de implementação de algumas tecnologias, incerteza sobre retorno do investimento e falta de uma padronização global para facilitar transição

A indústria marítima enfrenta um dos maiores desafios de sua história: reduzir emissões de carbono e se adaptar às novas regulamentações ambientais globais. A Organização Marítima Internacional (IMO) estabeleceu metas ambiciosas de descarbonização, incluindo a redução de 20% das emissões até 2030 e a neutralidade de carbono até 2050. Ao mesmo tempo, medidas como o ‘EU ETS’ e o ‘FuelEU Maritime’ começam a pressionar economicamente armadores e operadores portuários para adotar práticas mais sustentáveis. Nesse cenário, a eficiência energética surge como peça-chave para viabilizar a transição, reduzindo custos e consumo de combustíveis fósseis enquanto o setor avança rumo a novas fontes energéticas.

Um relatório da DNV estima que a adoção de medidas de eficiência pode reduzir o consumo de combustível em até 16%, o que equivale a retirar de operação 55 mil navios pequenos ou 2.500 de grande porte movidos a combustíveis convencionais. Nos portos, a eletrificação das operações, especialmente com o fornecimento de energia em terra (shore power), pode diminuir significativamente as emissões de gases poluentes, melhorando a qualidade do ar e atendendo a exigências ambientais mais rígidas.

A busca por maior eficiência passa por diferentes frentes, desde inovações tecnológicas no design das embarcações até otimizações operacionais que permitem melhor aproveitamento da energia consumida. Entre as principais soluções, destaca-se a lubrificação a ar, que reduz o atrito do casco com a água, e o uso de revestimentos especiais que minimizam incrustações marinhas e melhoram a hidrodinâmica do navio. Além disso, sistemas de propulsão assistida pelo vento, como velas rotativas, já demonstram potencial para reduzir o consumo de combustível em viagens longas.

A gestão operacional também se tornou um fator crucial. O roteamento meteorológico permite que navios escolham rotas mais eficientes, economizando combustível ao evitar condições climáticas adversas. O ajuste dinâmico de velocidade e a otimização de trim e calado ajudam a reduzir o esforço da embarcação, impactando diretamente no consumo energético. Essas mudanças, muitas vezes implementadas sem a necessidade de grandes investimentos, já fazem parte das estratégias de diversas companhias que buscam reduzir custos com combustíveis e emissões de CO₂.

Nos portos, a transição para infraestruturas mais sustentáveis vem ganhando força. A instalação de sistemas de fornecimento de eletricidade para navios atracados permite que embarcações desliguem seus motores auxiliares e utilizem energia limpa da rede elétrica, diminuindo a poluição atmosférica local. Além disso, a digitalização das operações portuárias possibilita um controle mais preciso do tráfego de embarcações, reduzindo tempos de espera e otimizando o uso de energia em manobras e atracações.

Apesar dos avanços, a adoção em larga escala dessas soluções enfrenta desafios. O alto custo de implementação de algumas tecnologias, a incerteza sobre o retorno do investimento e a falta de uma padronização global dificultam a transição. Muitos armadores ainda hesitam em apostar em determinadas tecnologias por temerem que uma escolha errada leve a ativos obsoletos em poucos anos. A escassez e os altos custos de combustíveis neutros em carbono, como metanol verde e amônia, também representam obstáculos adicionais.

O relatório da DNV ressaltou ainda que a necessidade de acelerar a transição energética é evidente. Enquanto a indústria naval busca soluções definitivas para a substituição dos combustíveis fósseis, a eficiência energética se apresenta como um caminho viável e imediato para reduzir emissões e mitigar impactos ambientais. O documento aponta que, com regulamentações cada vez mais rigorosas e consumidores exigindo práticas mais sustentáveis, navios e portos que investirem nessas soluções desde já estarão melhor posicionados para enfrentar os desafios do futuro e garantir competitividade no setor.

Fonte: Revista Portos e Navios