CEO da empresa brasileira espera estabelecer parcerias com empresas locais para estabelecer produção de aeronaves como os jatos E2 e o cargueiro militar C-390
E190-E2 (Embraer)
Enquanto trava uma disputa difícil por clientes, a Embraer enxerga nas populosas China e Índia a possiblidade de expandir as vendas de suas aeronaves civis e militares.Em entrevista à Aviation Week, o CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, explicou como os dois países podem ser estratégicos no futuro da Embraer.
Em comum, qualquer iniciativa de longo prazo nesses mercados inclui parceiros para estabelecer linhas de montagem locais.
Sobre a China, Gomes Neto repetiu a visão da Embraer sobre o mercado de aviação comercial. Embora a fabricante chinesa COMAC tenha duas novas aeronaves que serão operadas em grande número no futuro – o ARJ21 e o novo C919 -, ambas não seriam concorrentes dos jatos E2.
“Eles não têm a aeronave ideal para muitas rotas – ou são muito grandes ou muito pequenos”, disse ele, se referindo aos dois aviões chineses.
A Embraer oferece o E190-E2 (114 assentos) e o E195-E2 (146 assentos) enquanto o ARJ21, um jato regional desenvolvido sobre a base do MD-95, pode acomodar de 78 a 97 passageiros.
Já o C1919 estreou com a China Eastern Airlines em uma configuração de duas classes com 164 assentos.
“Mas para vender mais aeronaves na China, precisaremos de produção local e de uma parceria especial”, acrescentou Gomes.
Para restabelecer uma linha de montagem na China, o CEO da Embraer diz precisar de pelo menos 50 pedidos firmes. A empresa já montou jatos ERJ 145 em parceria com a Harbin entre 2003 e 2017 quando foram produzidas 41 aeronaves – a joint venture foi encerrada.
Potencial pedido de C-390
Uma parceria com empresas chinesas, no entanto, envolve passar pelo crivo do governo dos EUA. Boa parte dos componentes dos E2 é fornecido por empresas do país como os motores GTF, da Pratt & Whitney.
Diante das relações abaladas entre China e EUA nos últimos anos, não seria surpresa se houvesse algum tipo de sanção nesse sentido.
Trata-se de um problema mais difícil de ocorrer com a Índia, país que tem investido bastante na indústria de aviação. Embora mantenha laço s fortes com a Rússia, o governo indiano é de certa forma independente e quer justamente desenvolver uma base tecnológica própria.
Por essa razão, a decisão de estabelecer de linhas de montagem de aeronaves no país é algo considerado consumado.
Nesse sentido, a Embraer pode buscar um parceiro para produzir aeronaves civis como também chegar a um acordo para montar o C-390 Millennium na Índia caso a Força Aérea selecione o jato multimissão no futuro.
Há uma requerimento para informação emitido pela Índia para uma encomenda de 40 a 80 aeronaves cargueiras táticas. A Embraer, inclusive, já revelou estar em conversações com empresas locais como o TATA Group e a Mahindra.
Francisco Gomes Neto admite, no entanto, que serão parcerias diferentes da fracassada joint venture com a Boeing.
“Não estou procurando o mesmo modelo que tínhamos com a Boeing, mas talvez haja uma parceria para montar aeronaves na China ou na Índia. Isso nos ajudaria a atingir a meta de 100 aeronaves por ano ou até mais e expandir as vendas do E2”, explicou.
Fonte: Airway