Divulgação Embaixada e do Consulado Geral da Noruega no Brasil
Cluster marítimo norueguês destaca que, nos últimos anos, país nórdico avançou na eletrificação de ferry boats e em sistemas híbridos com uso de bateria aplicáveis a outros segmentos
A Noruega vem perseguindo e cumprindo as metas de descarbonização da Organização Marítima Internacional (IMO) e da União Europeia para 2030, mas considera necessário que os países olhem para as ferramentas disponíveis e unam esforços em diferentes segmentos, incluindo indústria, academia, autoridades e legisladores. A avaliação é da CEO do cluster Maritime Cleantech, Ada Jakobsen, que esteve no Brasil durante o período da ROG.e, no final de setembro. Ela também defende uma coordenação contínua para as próximas fases da descarbonização na indústria marítima mundial.
A leitura é que existem metas globais para o setor, porém existem questões locais que exigem cada vez mais colaboração “O que estamos vendo na Noruega é que nenhum segmento é grande o suficiente para fazer isso sozinho. Nenhuma nação é grande o suficiente para fazer isso sozinho, mas sim as capacidades e a força de quando nos reunimos para projetos específicos de transformação”, comentou na 6ª Edição do Seminário Brasil x Noruega, promovido pela FGV Direito Rio, em colaboração com a Associação Brasileira dos Armadores Noruegueses (Abran) e o Real Consulado Geral da Noruega, no Rio de Janeiro (RJ).
Ada destacou que, na última década, a Noruega avançou na eletrificação de embarcações como ferry boats e nos sistemas híbridos com uso de bateria no segmento offshore. Atualmente, o país concentra em torno de 50% de todos os sistemas híbridos desse tipo. “Acredito que isso está apenas começando. Quando olhamos para os próximos 10 anos e para as próximas décadas para [alcançar] o Net Zero, sabemos que não resolverá todos os problemas”, comentou em sua apresentação no evento.
A associação norueguesa é um hub comercial para soluções marítimas verdes voltado para o desenvolvimento de tecnologias e parcerias em prol da eficiência energética e sustentabilidade. A CEO do cluster norueguês destacou que, na jornada de descarbonização, as empresas norueguesas atingiram uma série de marcos importantes na última década relacionados à redução de emissões, com uso de baterias em segmentos como ferry boats, embarcações autônomas e barcos de apoio offshore.
Ela citou iniciativas como um projeto que prevê o uso de baterias em balsas elétricas de passageiros que vão circular no fiorde de Olso a partir de 2025, reduzindo o tempo de recarga das balsas. Outro projeto é o ‘Appolo’, da empresa de energia norueguesa Equinor, que pretende, a partir de 2026, utilizar embarcações de apoio offshore movidas à amônia em suas operações.
A CEO do cluster considera que os passos dados há mais de 10 anos fortaleceram o desenvolvimento da cadeia de suprimentos. Ela destacou que, em 2025, será entregue o maior catamarã elétrico do mundo e que vai operar fora da Noruega, entre Argentina e Uruguai. Um dos desafios deste projeto foi encontrar a quantidade de baterias para ter em um sistema para chegar à escala necessária para transportar 225 carros, 2.100 passageiros e viajar a 25 nós por 110 quilômetros, que será um dos trechos mais longos do mundo. “A América do Sul terá o maior catamarã elétrico do mundo no ano que vem. Isso é baseado em diferentes projetos que aconteceram na Noruega”, afirmou.
Na avaliação do cluster, é importante olhar um pouco para trás para ver as experiências conquistadas antes de seguir para o futuro da jornada de transição do transporte marítimo. A associação está focada em inovação e nos conceitos que precisam ser alcançados para obter uma visão de longo prazo. Ada entende que hoje já existe regulamentação onde é possível e especificações de emissões neutras como no transporte por balsas. Ela ressaltou que os incentivos públicos à inovação passam por investimentos do setor privado. “Não há transformação da indústria sozinha. Há uma transformação quando vamos juntos e buscamos oportunidades”, afirmou.
Para o cluster, o desafio de novas tecnologias alcançarem escala reforça a necessidade de união entre desenvolvedores de soluções. “Estamos vendo muitas empresas internacionais interessadas na tecnologia e na maneira como trabalhamos. Acredito que os aprendizados que temos dos últimos 15 anos de como transformar o setor ferries são aplicáveis a muitos outros segmentos”, projetou.
Ada contou à Portos e Navios que as relações entre Brasil e Noruega vêm sendo construídas há muitos anos e que existem muitas oportunidades de colaboração futura, inclusive no horizonte 2030. Ela lembrou que muitas dessas empresas já estão estabelecidas no Brasil e que empresas norueguesas já desenvolveram soluções eficientes de hibridização para o segmento offshore, por exemplo.
A executiva acrescentou que, quando se avalia a hibridização, é preciso considerar a necessidade de infraestrutura e ressaltou que existe uma série de empresas norueguesas que já desenvolveram padrões, tecnologias e enxergam de forma clara as adaptações à realidade de cada país.
Fonte: Revista Portos e Navios