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Clippings - 03/12/24

Estaleiro de reciclagem e Tecon estão no radar do futuro complexo do ES

Direção do Porto Central renovou acordo com empresa europeia para instalação especializada em desmantelamento sustentável e busca operador de contêineres, diante da atual demanda por capacidade de movimentação

A gerente comercial do Porto Central, Jessica Chan, disse, nesta segunda-feira (2), que a empresa está em fase de negociação e com os estudos técnicos necessários para o desenvolvimento dos terminais nas próximas etapas do complexo portuário, cuja primeira começa esta semana e tem previsão de entrada em operação em dezembro de 2027. Segundo Jéssica, os destaques são um estaleiro de descomissionamento e reciclagem sustentável de navios, em parceria com a M.A.R.S Inc., além de um hub de movimentação de contêineres para navios com capacidade de até 25 mil TEUs.

Em novembro, a Modern American Recycling Services (M.A.R.S.) e o Porto Central renovaram o memorando de entendimento (MoU) assinado em maio de 2024, a fim de estender a parceria para avançar nos estudos de viabilidade para a implantação de um estaleiro de reciclagem e descomissionamento de navios no complexo portuário. A M.A.R.S. Europa S.A. consolidou sua presença no Brasil com a criação da subsidiária ‘M.A.R.S. do Brasil’, ampliando suas operações no país.

O site oficial da empresa europeia já menciona o município de Presidente Kennedy (ES) como o local da nova instalação. A iniciativa busca unir a infraestrutura de águas profundas e capacidade de receber grandes embarcações do Porto Central com a expertise da M.A.R.S. em projetos complexos de reciclagem de navios.

A avaliação é que esse movimento acompanha uma demanda global crescente por instalações sustentáveis de reciclagem de navios, impulsionada pela expectativa de descomissionamento de embarcações e plataformas offshore nos próximos anos. A Convenção de Hong Kong (HKC), que trata do tema, entra em vigor em meados de 2025.

Para o Porto Central, contar com um estaleiro sustentável de reciclagem, posiciona o empreendimento em uma localização estratégica para atender tanto as principais rotas marítimas quanto às demandas do mercado nacional, consolidando o Brasil como um polo de reciclagem sustentável na América Latina.

“O memorando de entendimento assinado com a M.A.R.S. foi renovado em novembro para desenvolvimento estaleiro de reciclagem sustentável e descomissionamento de navios. Estamos em estudos avançados para desenvolvimento de estaleiro no Porto Central. Esse é um trabalho em andamento”, destacou Jéssica. Ela ressaltou que, além das tratativas com a M.A.R.S especificamente para descomissionamento e reciclagem, há estudos para atividade de reparo e construção de navios em outras instalações dentro do complexo, além de uma base de apoio offshore para atendimento de operações dentro da estrutura do projeto.

A gerente comercial acrescentou que o porto pretende atrair um operador de contêineres aproveitando a demanda do setor por mais capacidade de movimentação desse tipo de carga, com a oferta de um atracadouro com águas profundas. O escopo prevê 18 metros de profundidade para recepção de navios com até 25 mil TEUs de capacidade. “Há uma demanda expressiva para a movimentação de contêineres e nos colocamos com posição diferenciada no Brasil porque podemos nos tornar hub de contêineres, tanto para entrada e saída, como para distribuição de contêineres na América Latina”, afirmou Jéssica.

A direção avalia que o Porto Central se posiciona como nova alternativa para atender ao crescimento das demandas nos setores de energia e portuário. Na área de petróleo e gás, Jéssica destacou o crescimento da demanda de produção de forma contínua e robusta. Ela observa empresas anunciando investimentos bilionários em novos FPSOs, além de novas produções e da necessidade de novas infraestrutura portuária na região Sudeste, para reduzir filas de navios e custos de demurrage que estão ocorrendo em outros portos. “Enxergamos que o Porto Central complementa outros portos nessa demanda por capacidade portuária para fazer essas operações”, resumiu a gerente comercial.

Energias renováveis
Um dos planos é integrar operações de energias renováveis, como parques solares e eólicos offshore, para apoiar estratégias de descarbonização e transição energética, incluindo projetos ligados ao hidrogênio. Jéssica disse que esse desenvolvimento será implementado em fases, alinhado às demandas do mercado e às necessidades dos clientes, garantindo flexibilidade, eficiência e alinhamento estratégico ao crescimento do empreendimento.

A ideia é disponibilizar a infraestrutura portuária para apoiar esses projetos renováveis, que terá quase 10 hectares de área reservada para produção de hidrogênio verde (H2V). Segundo a gerente comercial, a região é favorável para renováveis e existem empresas estudando desenvolvimento de projetos eólicos e solar. No caso dos eólicos offshore, num raio de 100 quilômetros do Porto Central existem mais de 30 gigawatts (GW) de projetos eólicos offshore que já pediram licença ambiental junto ao Ibama.

“Temos base de apoio offshore para esses projetos e área para receber essa energia e transformá-la em combustíveis verdes. Temos projetados e licenciados 13 berços para granéis líquidos. Já estamos preparados desde agora para exportar esse H2V produzido futuramente”, afirmou Jéssica. “Temos visto que projetos de energia verde estão sendo projetados para depois de 2030, então ele vem para ser desenvolvido em fases seguintes do Porto Central”, projetou.

Fonte: Revista Portos e Navios