Instalada no 15º andar de um discreto prédio no Savassi, bairro nobre de Belo Horizonte, a canadense Forbes&Manhattan desenha sua estratégia para disputar blocos de petróleo com HRT, OGX e Shell, rivalizar em óleo de xisto com a Petrobras e com a Vale em projetos de potássio e fosfato – insumos usados para fabricar fertilizantes.
“Estamos planejando um passo grande”, afirma com exclusividade ao Brasil Econômico o vice-presidente da Forbes no Brasil, Hélio Diniz.
O grupo chega ao país com seis empresas e investimento inicial de US$ 6,5 bilhões (perto de R$ 12 bilhões) até 2016. O valor inclui a exploração de mina de ouro no Pará. A primeira investida será com a Irati Energia.
Em outubro, a empresa inicia testes para confirmar 2 milhões de barris de xisto betuminoso – rocha que armazena óleo similar ao petróleo – identificados há anos pela Petrobras entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com o direito de exploração resolvido, a Irati deve colocar a matéria-prima em nova fase comercial no país.
A projeção é ultrapassar a Petrosix. A subsidiária da Petrobras é dona de reserva de 700 mil barris em São Mateus do Sul, no Paraná, onde produz 7,8 mil barris por dia, mais com viés de desenvolvimento de tecnologia que comercial. A Irati projeta de 20 a 30 mil barris diários de óleo de xisto.
“Vamos refurar a área para certificar a reserva com o padrão técnico da Bolsa de Toronto”, afirma Diniz. “Se demonstrarmos a existência dos barris, teremos uma empresa atrativa ao mercado.”
Abertura de capital
O tom financeiro é pano de fundo do objetivo de captar US$ 1 bilhão com a listagem de ações da Irati na bolsa. A operação é vital para a implantação de unidade para produzir cada barril ao custo de US$ 30. Valor alto que Diniz espera compensar com o bônus do xisto em relação ao petróleo.
“Os barris da Petrosix são disputados a tapa pelas indústrias do Sul. Elas pagam de 10% a 20% a mais por ele”, diz.
A diferença, segundo ele, se deve à melhor viscosidade do óleo, que não exige refino, e ao alto poder calorífico. A Irati atua apenas no Brasil, onde prevê ir ao mercado de capitais para levantar o aporte inicial.
“É uma empresa para abrir capital no Brasil. O perfil é mais atrativo para fundos de pensão, porque não apresenta risco.”
A expertise do grupo criado pelo canadense Stan Bharti é prospectar recursos naturais de alto risco para levá-los ao mercado financeiro. Em 30 anos, a Forbes captou US$ 8 bilhões com o modelo de negócios comum no Canadá e trazido ao Brasil por Eike Batista – controlador do grupo EBX e amigo pessoal de Bharti.
Disputa em alto-mar
Mesmo com o xisto, o grande passo da Forbes&Manhattan será se lançar nas águas brasileiras para arrematar blocos petrolíferos no 11º leilão da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mergulho a ser dado pela Brookwater, subsidiária da Forbes Oil & Gas, acirrando com HRT, Shell e OGX o certame programado para 2012 .
“A oportunidade em petróleo no Brasil é muito grande. A OGX e a HRT não terão condições de explorar tudo. Existe espaço e, por isso, vamos participar do leilão”, afirma Diniz.
A estratégia inclui a compra de empresas menores. “Mantemos negociações avançadas para a aquisição de empresas que já estão produzindo. Queremos empresas que já tenham blocos de produção e potencial de expansão”, indica o executivo.