Segundo o Ineep, a distribuição total de dividendos em 2024 deve superar os R$ 71,5 bilhões pagos em 2023. Para a FUP, o pagamento gera incertezas quanto à velocidade do avanço da companhia em direção a rotas tecnológicas de baixo carbono
O Conselho de Administração (CA) da Petrobras aprovou, na quinta-feira (21), o pagamento de dividendos extraordinários no valor de R$ 20 bilhões, equivalente a R$ 1,55174293 por ação ordinária e preferencial em circulação, sendo R$ 15,6 bilhões como dividendos intermediários, com base na reserva de remuneração do capital, e R$ 4,4 bilhões como dividendos intercalares.
Para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3, o pagamento da parcela única será realizado no dia 23 de dezembro de 2024. Já os detentores de ADRs receberão o pagamento a partir de 3 de janeiro de 2025.
A Petrobras afirma que a distribuição proposta está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, que prevê a possível distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas desde que a sustentabilidade financeira da companhia seja preservada.
“Importante ressaltar que esse provento será contemplado na proposta de remuneração aos acionistas do exercício de 2024 a ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária de 2025, sendo seu valor reajustado pela taxa Selic desde a data do pagamento até o encerramento do exercício social corrente, para fins de cálculo do montante a ser descontado”, finaliza a Petrobras.
Na visão do diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), Mahatma Ramos dos Santos, a Petrobras recorreu, mais uma vez, ao pagamento de dividendos extraordinários, “e já atinge, em 2024, a distribuição de R$ 64,5 bilhões, valor 19,5% superior ao lucro líquido registrado pela companhia nos nove primeiros meses de 2024. A distribuição total de dividendos em 2024 deve superar os R$ 71,5 bilhões pagos em 2023”.
Já a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirma que o pagamento de dividendos extraordinários gera incertezas quanto à velocidade do avanço da companhia em direção a rotas tecnológicas de baixo carbono. “A Petrobras precisa romper com uma visão de curto prazo e orientada à distribuição de dividendos bilionários aos acionistas, é papel da companhia acelerar os investimentos em direção à transição energética justa e contribuir para a garantia da segurança energética nacional, que é urgente”, acrescentou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
Bacelar, porém, reconhece que houve avanços significativos. “A diversificação do portfólio, com investimentos previstos em novas rotas tecnológicas – etanol, biorefino, biodiesel, biometano, hidrogênio de baixo carbono, entre outros – é um bom sinal, além da ampliação dos recursos previstos em descarbonização e em pesquisa, desenvolvimento e inovação”, completou.
Fonte: Revista Brasil Energia