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Alertas Legais - 06/09/24

Portos do Arco Norte ampliam importações de fertilizantes

Os portos do Arco Norte aumentaram a participação nas importações de fertilizantes no primeiro semestre de 2024, fortalecendo a expansão da região na movimentação de nutrientes e sua posição como um importante centro de embarque para agricultores brasileiros.

O Brasil importou 17,8 milhões de toneladas de fertilizantes entre janeiro e junho, de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os portos do Arco Norte, rede de infraestrutura em torno principalmente de sete portos no Norte e Nordeste que fornece acesso mais direto a produtores de grãos do interior, receberam 3,7 milhões de toneladas — ou 20,5% do volume importado — aumento de aproximadamente 860 mil toneladas em comparação com o mesmo período em 2023.

A movimentação de fertilizantes nos portos do Arco Norte mais que dobrou em cinco anos. Os portos receberam 1,5 milhão de toneladas de fertilizantes em 2020, aumentando para 1,9 milhão de toneladas em 2021. Os volumes subiram para 2,7 milhões de toneladas em 2022 e totalizaram 2,8 milhões de toneladas em 2023.

O aumento do volume de fertilizantes está relacionado à quantidade mais expressiva de soja e milho que continuam sendo exportados pelos portos da região. Ao descarregar grãos e oleaginosas nos portos e quando há carga de fertilizantes no trecho de retorno, as tarifas de frete diminuem devido às melhores condições de frete-retorno. Portanto, a importação de fertilizantes pelos portos do Arco Norte ajuda a reduzir os custos logísticos.

Quando motoristas possuem carga de retorno, é possível cobrar fretes menores. Na situação contrária, quando não há carga de retorno, o valor do frete aumenta, pois viajar com o veículo vazio não é ideal e contribui para a depreciação dos caminhões.

No caso do milho, embora os volumes absolutos tenham diminuído, a participação de mercado dos portos do Arco Norte aumentou.

O Brasil exportou 8,4 milhões de toneladas de milho no primeiro semestre de 2024, abaixo de 11,6 milhões de toneladas no mesmo período de 2023, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Os portos do Arco Norte exportaram 4,1 milhões de toneladas — ou 49% do total — no primeiro semestre deste ano e 4,3 milhões de toneladas — 36,9% do total — nos mesmos seis meses de 2023.

Comparativamente, o porto de Santos, no estado de São Paulo, embarcou 2,3 milhões de toneladas em 2024 — uma participação de 27% — e 2,8 milhões de toneladas em 2023, cerca de 24% dos volumes de 2023.

A Argus monitora as tarifas de frete rodoviário nas rotas para o Arco Norte, acompanhando a crescente relevância da região para a logística do país. Em junho, o frete de grãos a partir de Mato Grosso, na rota Sinop-Miritituba atingiu R$278/ton., mesmo nível registrado no mesmo período de 2023. O frete de fertilizantes na rota de retorno Miritituba-Sinop ficou em R$143/ton. neste ano, acima de R$137/ton. no ano passado.

Seca gera preocupação

Embora o primeiro semestre de 2024 não tenha tido grandes problemas logísticos, as perspectivas para o resto do ano são preocupantes, devido ao fenômeno climático La Niña, que deverá gerar um clima mais seco do que o habitual na região do Arco Norte.

A seca contribui para reduzir o nível dos rios no Norte e afeta a movimentação de cargas.

Os rios Tapajós, Madeira e Negro, que fluem para o rio Amazonas e depois deságuam no Oceano Atlântico, sofreram uma grave seca entre maio-dezembro de 2023, reduzindo os níveis dos cursos de água e impedindo a navegação de barcaças. Isso prejudicou a movimentação de cargas na região, principalmente nos portos do Pará e do Amazonas.

As secas nos rios podem ser ainda mais severas em 2024. A estação seca na Amazônia será a mais severa em 20 anos, com a região enfrentando condições climáticas extremas, aumentando a frequência e a intensidade dos focos de incêndio, segundo o governo federal. Essa situação deve levar a um redirecionamento de cargas de grãos e fertilizantes nos próximos meses, fazendo com que sejam desviados para Itaqui e outros portos do Sul e Sudeste do Brasil.

Fonte: Revista Portos e Navios