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Clippings - 22/07/21

Praticagem instalará boias para melhorar previsão de marés na Barra Norte

A Praticagem do Amapá (ZP-1) pretende instalar, nos próximos três meses, a primeira de três boias meteoceanográficas na Barra Norte do Rio Amazonas. A área compreende o trecho raso e lamoso de 24 milhas náuticas que delimita o calado das embarcações na Bacia Amazônica, a fim de aumentar a capacidade de transporte dos navios que trafegam na região. O equipamento de sinalização fará parte do plano de implantação de um sistema de calado dinâmico, que indicará o quanto os navios podem transportar sem risco de tocar o fundo. O custo de instalação dos equipamentos será da ordem de R$ 3,6 milhões.

O objetivo é que equipamentos gerem informações mais precisas que ajudem na previsão das janelas de maré. “Nossa intenção é ter uma previsão praticamente perfeita na Barra Norte”, destacou o prático Leandro Caiaffa, na última terça-feira (8), durante o evento Norte Export. Ele lembrou que o projeto foi iniciado com um estudo técnico em 2017 e que resultou na instalação de um marégrafo no Canal do Curuá, a 70 milhas da Barra Norte, cujos dados são compartilhados com a Marinha do Brasil e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), parceira da praticagem na análise das marés.

A praticagem destaca que vem apoiando a sondagem regular das profundidades do rio, especialmente no Curuá, onde os bancos de areia se movimentam constantemente sob as águas e alteram os canais de navegação. A categoria acrescenta que esse projeto foi importante para o aumento do calado máximo autorizado, que passou de 11,50 metros para 11,90 metros — atualmente, em fase de testes. Esse incremento permite um ganho de carga de mais de US$ 1 milhão por navio. Por ano, cerca de 1.300 embarcações trafegam na Amazônia.


No mesmo painel, o presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Clythio Buggenhout, contou que a Cargill contratou duas consultorias e busca parcerias com setor empresarial e apoio do governo para viabilizar novos estudos técnicos a fim de pleitear um aumento de calado na Barra Norte no curto prazo. Estão previstos investimentos da ordem de R$ 14 milhões para levantamentos batimétricos e estudos de viabilidade logística. Buggenhout ressaltou que outras iniciativas em busca de solução, mesmo que redundantes, são bem-vindas para a melhoria da navegação nessa região.

No evento, o vice-almirante Valter Citavicius Filho, comandante do 4º Distrito Naval, disse que a continuidade da ampliação do calado depende do prosseguimento dos estudos das marés, por meio de investimento e sinergia dos interessados, considerando que a Marinha carece de recursos orçamentários. Citavicius Filho explicou que o arco lamoso sofre grande descarga de sedimentos do Rio Amazonas, que tem uma das maiores vazões do mundo. Já o diretor de Hidrografia e Navegação (DHN) da Marinha, vice-almirante Edgar Luiz Siqueira Barbosa, elencou que três componentes tornam a área ainda mais complexa: a maré astronômica; a maré meteorológica, influenciada pelos fortes ventos; e o nível do Rio Amazonas, em função do regime de chuvas.

O presidente do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), Ricardo Falcão, defendeu mais diálogo dos atores e a participação do agronegócio na busca de uma solução efetiva. “Falta todos estarem na mesma mesa, pensando em como cada um pode contribuir. O dono da carga precisa enxergar que os gargalos são pequenos e que investir em parceria com a Marinha trará rentabilidade para o próprio negócio”, salientou. O prático considera ser possível chegar a um ganho de calado de um metro e meio na Barra Norte, sem navegar em lama.

Fonte: Revista Portos e Navios