
Empresa decidiu triplicar para 3 milhões de m² área para desenvolvimento de um hub de hidrogênio no complexo portuário
A Prumo Logística almeja atingir, nos próximos 10 anos, a marca de 30% das movimentações do Porto do Açu com navios abastecidos com combustíveis limpos. Para o CEO da Prumo, Rogério Zampronha, o uso de combustíveis verdes e biocombustíveis no tráfego marítimo acontecerá mais rápido do que em outros segmentos. Ele acredita que os insumos com baixas emissões para propulsão no setor marítimo serão um divisor de águas na adoção dos combustíveis do futuro. O grupo vem firmando parcerias e atraindo investimentos em energias renováveis para o complexo portuário e industrial, que completou 10 anos de operações em 2024.
“Nosso desejo é ver que, daqui a 10 anos, boa parte da frota marítima vai abastecer com combustíveis limpos no Porto do Açu — seja metanol, amônia, biocombustíveis (…), eles vão ser abastecidos conosco”, projetou Zampronha, em coletiva de imprensa com setoristas, nesta quarta-feira (4), no Rio de Janeiro (RJ). O executivo observa que algumas soluções, como o HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), já são realidade, mas dependem de regulamentação de incentivos para serem adotadas.
O Porto do Açu recebeu aproximadamente 6.280 navios no ano passado e em 2024 deve alcançar a marca de 6.700 embarcações. “Isso é importante porque elas [embarcações] são potenciais clientes para a produção dos combustíveis verdes e para fomentar os corredores verdes entre Brasil e Antuérpia, Brasil e Cingapura (…)”, destacou Zampronha.
A efen Marine, antiga NFX, cresceu nos últimos três anos com o abastecimento de combustíveis em embarcações que operam na Bacia de Campos e que dão suporte às plataformas. Hoje, os maiores clientes da empresa no Açu são grandes petroleiras que afretam embarcações de apoio offshore e fornecem esse tipo de combustível para a unidade afretada pela operadora.
O CEO da efen, Rafael Pinheiro, disse que todas essas empresas já sondaram sobre a disponibilidade de combustíveis de baixa emissão. A avaliação é que, apesar de mais caros que o diesel tradicional, os preços já não são tão proibitivos quanto há cerca de quatro anos, o que levou à busca de licenciamento do HVO, por exemplo.
Pinheiro relatou que todos os projetos que o porto tem visto para desenvolvimento são necessários, ao menos, de dois a três anos. “Há necessidade de desenvolvimento, mas não significa dizer que não temos espaço hoje para fazer redução [de emissões] com combustíveis que já existem e que podem reduzir significativamente a emissão de CO2”, ponderou.
Pinheiro observa a Petrobras indo na direção de misturar biodiesel ao IFO (Intermediate Fuel Oil) em combustíveis para navios de longo curso, além do HVO, que está em processo de licenciamento junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para que o insumo possa ser disponibilizado no Brasil. O HVO é uma espécie de biodiesel de segunda geração, que pode reduzir de 70% a 80% a emissão de dióxido de carbono (CO2) em navios e plataformas de petróleo.
Atualmente, não existem fornecedores do HVO no Brasil porque é um tema que ainda passa por regulamentação. “Se alguém pedir, já estamos com processo na ANP para disponibilizar. Depende da finalização do processo regulatório, que está tramitando e acreditamos que será decidido em breve”, comentou o CEO da efen.
O HVO, também chamado de diesel verde renovável, é um produto ‘drop-in‘, que se aplica no curto prazo porque as embarcações não precisam fazer modificações em suas máquinas. “Esse é um produto que entendemos que, em breve, estará disponível no Porto do Açu. Há um caminho a ser percorrido de passar por todos os gates regulatórios, tributários e legais. Traçamos ele há algum tempo para termos disponível no Açu”, avaliou Pinheiro.
A Prumo aposta em transformar o complexo portuário do norte fluminense em um hub de integração energética. O grupo avalia que há avanços em apostas como o hidrogênio verde usado como base para a descarbonização da indústria. Outra frente é a industrialização de baixo carbono, por meio da qual o porto firmou acordos para industrialização de baixo carbono assinados com diversos players globais para projetos de hidrogênio renovável, eólica offshore, HBI (briquete de minério de ferro ou ferro-esponja) e biogás.
Hub de Hidrogênio
A Prumo pretende ampliar, dos 1 milhão de metros quadrados (m²) atuais para 3 milhões de m², a área para o desenvolvimento de um hub de hidrogênio no Açu. Zampronha disse que, da área inicial disponibilizada nos primeiros meses de 2024, restaram apenas 50 mil m² em apenas oito meses. “Achávamos que levaríamos três anos para atrair indústrias e fechar contratos de locação naquela área. Ontem (3), decidimos licenciar mais uma nova área de 2 milhões de m², para projetos de combustível sustentável de aviação (SAF) e de metanol verde”, destacou. Zampronha frisou que são contratos de locação de área com empresas internacionais, sendo uma delas norte-americana, cujos nomes serão conhecidos em breve.
O CEO disse que a Prumo segue perseguindo a atração de investimentos com baixo de carbono e que o projeto de HBI amadureceu muito ao longo de 2024. O complexo industrial deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá incluir uma planta de briquete de minério de ferro para alimentar a planta de HBI, matéria-prima para o processo de descarbonização da cadeia siderúrgica.
Recentemente, o complexo também firmou contratos com a Fuella AS e com a HIF Global. A primeira diz respeito a um contrato de reserva de área para o desenvolvimento do projeto de implementar uma planta de amônia verde de até 520 megawatts (MW). A segunda celebrou contrato de reserva de área para desenvolver uma instalação de e-Metanol. A Prumo também fechou um memorando de entendimento com a Eletrobras focado na produção de hidrogênio renovável e seus derivados. Esse acordo visa o fornecimento de energia hidrelétrica visando avaliação de uma planta-piloto de até 10 MW de capacidade.
Fonte: Revista Portos e Navios