O projeto do pré-sal da Bacia de Santos pode consolidar o papel do Brasil na produção bruta de líquidos da Shell, analisa a consultoria

O desenvolvimento de Gato do Mato deverá custar entre US$ 3,2 bilhões a US$ 3,4 bilhões, estima a Rystad Energy em análise sobre o projeto recentemente sancionado pela Shell. A aprovação da decisão final de investimento (FID, na sigla em inglês) foi inicialmente planejada para 2022, mas acabou sendo adiada devido à escalada de custos. Segundo a Rystad, o plano de desenvolvimento do projeto contempla a perfuração de 12 poços de desenvolvimento, sendo cinco produtores de óleo, quatro injetores de gás e dois injetores de água, além de um slot sobressalente.
A Shell é a terceira grande operadora internacional além da Petrobras a ter sancionado um grande projeto upstream no Brasil desde 2019, depois que a francesa TotalEnergies chegou ao FID, em 2023, do projeto de Lapa Sudoeste (SW), localizado na Bacia de Santos, que está sendo desenvolvido via tie-back ao FPSO que opera no campo de Lapa (FPSO Cidade de Caraguatatuba), juntamente com a aprovação e desenvolvido dos projetos operados pela Equinor de Bacalhau, no pré-sal da Bacia de Santos, e BM-C-33 (projeto Raia), na Bacia de Campos, em 2021 e 2023, respectivamente.
“Operadoras internacionais, juntamente com outras independentes regionais, já aprovaram cerca de US$ 22 bilhões em despesas de capital para projetos greenfield no offshore brasileiro desde 2019”, analisa a Rystad.
Gato do Mato também pode consolidar o papel do Brasil na produção de líquidos da Shell. O desenvolvimento deste projeto, juntamente com algumas outras aprovações esperadas para até o final da década, poderá impulsionar a contribuição dos ativos do Brasil na produção de líquidos da Shell de cerca de 18% em 2020 para 23% em 2035. Isso faria com que o Brasil mantivesse a pole position no portfólio da major, uma vez que o país já substituiu os EUA em 2023, com a contribuição de líquidos dos EUA provavelmente diminuindo de pouco mais de 25% em 2020 para 9% até 2035.
De acordo com a Rystad, o FID de Gato do Mato se soma a uma infinidade de projetos significativos nas bacias de Santos e Campos que, juntos, podem ajudar o Brasil a se aproximar de 5 milhões de bpd de produção de petróleo até o final da década. A previsão é que o projeto tenha o seu primeiro óleo em 2029, atingindo um pico de produção de cerca de 100 mil bpd até o início da próxima década. “No entanto, o Brasil pode ficar aquém e provavelmente verá um declínio na produção em direção à segunda metade desta década, impulsionado principalmente pelo declínio da produção do pré-sal e pela falta de grande sucesso exploratório em prospectos do pré-sal nos últimos anos”, finaliza a consultoria.

Fonte: Revista Brasil Energia